(Por Matthew Cullinan Hoffman) — Uma mulher cristã paquistanesa está enfrentando a morte depois de ser condenada sob uma Lei contra Blasfêmia do Paquistão, após defender sua fé contra um grupo de muçulmanas que a insultaram por suas convicções cristãs.
Asia Bibi, trabalhadora rural de 45 anos e mãe de três filhos, estava trabalhando nos campos de sua pequena cidade de Itan Wali na região do Punjab do Paquistão em 2009 quando a mão dela tocou a água que era para os trabalhadores beberem. As mulheres muçulmanas que estavam trabalhando com ela então se recusaram a beber a água, dizendo que havia sido contaminada pelo toque de uma cristã. Alguns relatos indicam que o grupo vinha por algum tempo pressionando Asia a abandonar o Cristianismo.
No argumento que se seguiu, Asia, de acordo com as reportagens, defendeu sua fé, embora haja duas versões da natureza exata das declarações dela. As mulheres muçulmanas afirmam que ela insultou Maomé, declarando que ele havia morrido “com vermes na boca”. Contudo, os que defendem Asia dizem que ela jamais cometeu insulto algum, mas em vez disso defendeu sua fé em Cristo, afirmando que ele havia morrido pelos pecados da humanidade e ressuscitado dos mortos, enquanto Maomé não.
Depois que as mulheres se queixaram para um imam local, Quari Salim, o clérigo entrou com uma ação judicial contra Asia por “blasfêmia”, e ela foi mandada para a prisão para enfrentar julgamento. Um ano e três meses mais tarde, em 7 de novembro, ela foi sentenciada a enforcamento por seu “crime”, e a pagar uma multa equivalente ao salário de dois anos e meio para um trabalhador sem qualificação.
Um grupo de cidadãos de Itan Wali disse para a CNN que todos eles apoiam a sentença de morte contra Asia, e Quari disse para a agência noticiosa que a sentença de morte dela foi “um dos momentos mais felizes da vida dele”, de acordo com o entrevistador.
“Lágrimas de alegria jorraram dos meus olhos”, disse o imam durante a entrevista gravada em vídeo.
Entretanto, nem todos os muçulmanos paquistaneses estão de acordo com essa avaliação. Salmaan Taseer, governador do Punjab, disse para o serviço noticioso AsiaNews numa entrevista que ele considera a sentença de morte de Asia Bibi como “um episódio vergonhoso. É uma vergonha para o Paquistão”, e ele garantiu à agência que o procedimento de recursos reverteria a sentença.
O acadêmico islâmico Asghar Ali Engineer concorda, dizendo que “Precisamos salvar a vida de Asia Bibi” e afirmando que “É urgentemente necessário lançar uma campanha sustentada por líderes e governos que defendem os direitos humanos… Não devemos permanecer de boca fechada”.
“No Paquistão, está se tornando cada vez mais evidente, como no caso de Asia, que as leis contra blasfêmia se tornaram instrumentos convenientes nas mãos de qualquer indivíduo que escolhe fazer as minorias de alvo”, o professor Asghar disse para AsiaNews. “A Lei contra Blasfêmia não é islâmica e foi introduzida para legitimar o governo do ditador General Ziaul-Haq, e faz pouco para ter conexão com os padrões de doutrina ou evidência do direito islâmico clássico”.
Além dos cristãos paquistaneses locais, organizações internacionais e até o papa se envolveram no movimento para libertar Asia Bibi.
“A comunidade internacional está acompanhando com grande preocupação a difícil situação dos cristãos no Paquistão, muitas vezes vítimas de violência e discriminação”, disse o Papa Bento numa recente declaração com relação ao caso. “Rezo por aqueles que estão em situações semelhantes para que sua dignidade humana e seus direitos fundamentais sejam plenamente respeitados”, ele acrescentou, também mencionando sua “proximidade espiritual” a Asia.
Embora seja possível que Asia acabe sendo absolvida e sua sentença anulada por um tribunal superior, isso poderá fazer pouco para protegê-la da sentença de morte que ela já recebeu.
Conforme reportagens, em anos recentes mais de 30 pessoas que foram acusadas de violar a Lei contra Blasfêmia do Paquistão foram ou assassinadas na prisão ou mortas depois de serem absolvidas e soltas.
Milhares de indivíduos e organizações estão fazendo petições ao presidente do Paquistão, Asif Zardari, para garantir recursos legais adequados para Asia e decretar um perdão se necessário.
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