Na embocadura do rio Amazonas organizou-se historicamente a vida social e econômica e a entrada para o interland de expedições coloniais oficiais, de missionários de várias ordens religiosas, entre outros viajantes, disputando esse território de antiga ocupação e domínio, com as diversas etnias indígenas pré-colombianas ali existentes. E também aí se fizeram as primeiras tentativas de colonização portuguesa na Amazônia, registrando-se os primeiros povoamentos já no início do século XVII.
Em 1616, os colonizadores se estabeleceram na foz do Amazonas, inaugurando um processo de expansão a partir do povoado que daria origem à cidade de Belém . Essa região representou, por todos esses séculos, a passagem e a fixação de diferentes grupos sociais e de formas diversas de exploração econômica de recursos tais como as drogas do sertão, a madeira, a caça e a pesca, os minérios e os frutos.
Destacou-se também pela agricultura de várzea e de terra firme, com suas plantações de cacau, cana-de-açúcar, tabaco, frutas, grãos e mandioca, e que esteve ligada às atividades de engenhos e de inúmeros processos de trabalho e de transformação primária de outros recursos agrícolas.
Essa região estuarina ainda exerce grande influência na vida profissional dos pescadores tradicionais da região (tanto do Salgado quanto do Estuário), refletindo-se no movimento e volume das pescarias que são praticadas na extensão dos 598 km de litoral amapaense e dos 562 km de litoral paraense. Isto ocorre em razão do regime de vazão do rio Amazonas, que contribui para os movimentos norte-sul e sul-norte dos pescadores, que na Zona do Salgado eles costumam chamar de rodígio (rodízio).
Estuário é a área receptora dos produtos carreados pelo rio Amazonas e seus tributários. As alterações ambientais por que passa a Bacia Amazônica, com a erosão provocada pelos desmatamentos em suas cabeceiras e margens com o mercúrio lançado no rio pelos garimpeiros, podem exercer influência em sua foz com conseqüências ainda ignoradas.
Os limites da zona estuarina parecem ser ainda uma questão discutível. Há, entretanto, tendências para dimensioná-los segundo a influência direta do movimento das marés.
Em torno de Belém e de Macapá, o estuário é uma região considerada como berçário para a reprodução da biodiversidade aquática, por isso é uma área de notória influência de pescadores de categorias diversas, cuja pré-história, revelada pelas pesquisas arqueológicas, assinala uma sucessão de tradições ou fases de ocupação que atestam milenarmente a relação referida anteriormente.
E suas ilhas, principalmente a do Marajó, Caviana, Mexiana, Maracá, foram palco dessa cena pré-histórica. Os pesqueiros ou pontos de pesca desde os pesqueiros reais até os atuais, nessa região, são pontos de convergência de pescadores. Entre os atuais, destacam-se os pesqueiros da Ponta Fina, Castelão, Maguari, Pepéua, Croinha (na ilha de Marajó), Canal do Navio, Anjo e Anjinho (no litoral do município de Marapanim), Ponte de Algodoal (no litoral de Maracanã) e outros, segundo estudos de Lurdes Furtado.
Dentre os ambientes que integram os ecossistemas estuarinos, estão os rios, os igarapés, as florestas, a várzea, as baías, as ilhas com suas praias, os campos alagados; todos com suas especificidades ambientais e sociais. Inclui-se nas áreas prioritárias para conservação da biodiversidade na região costeira região Norte, segundo o MMA (2002, p. 14), na categoria da área de extrema importância biológica , fazendo jus ao adjetivo de berçário ou criadouro natural de espécies ictiológicas.
Para se compreender os usos sociais dos diferentes ambientes nessa região, precisamos evocar a sua dinâmica sociocultural que remonta à fase pré-histórica de ocupação da Amazônia, cuja cultura dos povos primevos perpassou séculos, deixando um legado sociocultural para as populações contemporâneas em termos de manejo ambiental, hábitos alimentares, relação entre mundo terrestre e mundo aquático e um modus vivendi particular.
Arqueólogos e antropólogos denominam essa cultura de cultura de floresta tropical, dominante na Amazônia. Há duas versões quanto à origem dessa cultura como mostra Furtado. Clifford Evans e Betty Meggers consideram que ela teria se originado nas margens de rios da bacia amazônica, e atingida por diferentes influências oriundas do oeste e do norte da América do Sul.
A de Donald Lathrap, que acha ser essa cultura originária de alguns pontos da América Central, nas planícies ribeirinhas do Amazonas, ou ainda, nas planícies da América do Sul, e daí se irradiado para o oeste (OLIVEIRA, 1983). Não obstante divergências na definição de sua origem, para Evans/Meggers tal cultura representaria um nível mais simples e menos complexo de arranjo societário do que para Lathrap. Ambos concordam que o padrão de ocupação, ao qual chamam de floresta tropical, teria sido a adaptação mais efetiva do homem ao ambiente amazônico.
Um dos exemplos clássicos é o do viver indígena, com maiores concentrações populacionais às margens dos rios e o das formas simples de vida social. Testemunhos dessa ocupação pré-histórica são revelados pelas prospecções arqueológicas que trouxeram a lume evidências das culturas que se desenvolveram na região, em particular na região do estuário amazônico como nas ilhas do Marajó, Caviana, Mexiana e no Amapá, por exemplo. Em estudos mais recentes, a arqueóloga Edithe Pereira, da Coordenação de Ciências Humanas do Museu Paraense Emilio Goeldi, apresenta quadros com dados sobre as seqüências cronológicas do povoamento pré-histórico da Amazônia, segundo Simões (1982) e Roosevelt (1992), como resultado das pesquisas nesse campo, permitindo-se ter uma visão mais detalhada das concepções dos respectivos arqueólogos[1].
Cidades ribeirinhas e a relação com a água
O estuário amazônico é berço de grande biodiversidade, dada a complexidade dos ecossistemas. As populações indígenas, ribeirinhas ou urbanas, viveram historicamente de uma economia baseada nos recursos florestais e aquáticos ali presentes e abundantes. O delta do Amazonas, com suas dezenas de ilhas espalhadas nas proximidades de sua maior, a do Marajó, causou surpresa e admiração aos naturalistas e viajantes que por ali passaram nos séculos XVII e XVIII e que registraram, em seus escritos, a admiração pela exuberância da floresta sobressaindo as referências à água, sua abundância, sua força e seu movimento.
Na embocadura e em todo o estuário formado pelo rio Amazonas e seus afluentes próximos à embocadura, pelas ilhas, lagos, furos e igarapés, os grupos sociais espalharam-se, dominaram os territórios e sobreviveram graças aos saberes que produziram e acumularam sobre esses ecossistemas, seus recursos, aplicações e usos, desenvolvendo práticas que são atualizadas pela cultura local do presente (TOCANTINS, 1998).
Efetivamente, a Amazônia é a parte do planeta de maior diversidade biológica e onde se encontra uma das maiores concentrações de água doce e enormes extensões de terras ainda com cobertura florestal.. No estuário a floresta encontra-se parcialmente inundada, com seus períodos de enchentes e vazantes, e os ecossistemas de várzea, manguezais e terra firme. É uma enorme área composta pelas embocaduras dos rios Amazonas e Tocantins, cuja biodiversidade apresenta altas taxas de fitoplâncton[2]. É ainda a zona de contato da água doce com a água salgada, dinâmica importante para a vida no estuário, onde os recursos de água doce se alternam com os do mar. A densidade da ocupação dessa região deve-se em especial à proximidade da cidade de Belém , em torno da qual foi lentamente se organizando a economia e a sociedade desde o período colonial, com suas freguesias rurais, muitas dando origem a cidades ribeirinhas.
A disponibilidade de água potável na terra é de apenas 2%, pois 97,2% das águas do planeta estão nos oceanos e mares. A Amazônia brasileira recobre uma área de 5.034.740 km2 e corresponde a 59,12% do território do país. Alguns países como o México e o Brasil, nas Américas, a África Central e as ilhas que conformam o mundo asiático, são os que possuem maior concentração da biodiversidade, o que significa também a presença de recursos aquáticos. Na América do Sul, encontram-se 47%, sendo o Brasil o mais beneficiado pelo recurso água, com 20% das águas do planeta, dos quais quase 70% estão na Amazônia[3].
O potencial dos recursos localizados na bacia do Amazonas ainda está por ser estimado. Porém as alterações nos ecossistemas já são bem visíveis (CASTRO, 2003). Estudos detectaram processos de erosão provocados pelos desmatamentos decorrentes de atividades econômicas variadas, insistindo na necessidade de controle por parte do Estado que possa tornar eficiente a relação economia x natureza, porém, na prática, não tem havido grandes avanços nessa direção. Tem a ver também com o crescimento demográfico das áreas urbanas, aproximando-se da média nacional, sem ter tido tempo de se preparar para atender às demandas dessa população crescente nas cidades. Há carência de serviços básicos, como escolas, postos de saúde, saneamento e emprego.
Na atualidade, a economia tornou-se mais complexa, com a implantação de estruturas industriais e de serviços, a diversificação das profissões e das qualificações, e mesmo, para alguns setores, o uso de tecnologias informacionais enquanto base dos processos de produção e de comercialização, atendendo assim, a um mercado mais exigente e dinâmico. Essas observações nos levam a considerar a tendência de continuação dos processos urbano de complexificação e de fragmentação social e territorial. As fotos a seguir ilustram formas de ocupação na margem de rios, locais de produção e comercialização de recursos naturais florestais e aquáticos.
Citações
[2] Este responde pela principal fonte trófica para a biodiversidade aquática e, conseqüentemente fomenta a atividade pesqueira nessa região, conforme Isaac (1995).
[3] Reforça-se neste início de milênio o debate sobre o uso dos mananciais aquáticos da Amazônia que certamente irá se aprofundar no correr desta década. O interesse mundial despertado mais recentemente pela água está relacionado a pressões para ampliar o lugar desse recurso no universo de mercadorias, do ponto de vista da dinâmica dos mercados em expansão.
Fonte: www.ufpa.br
Belém
BELEM e ILHA DE MARAJÓ - PA
Considerada a porta de entrada para a Amazônia, Belém é muito quente e úmida e possui uma grande variedade de fauna e flora. Devido sua ocupação e crescimento ter ocorrido no início do século XX no auge da cultura da borracha, a capital do Pará tem construções luxuosas como o Teatro da Paz, que já foi a mais rica casa de shows do Brasil, e os imponentes casarões da época permanecem intocados, perfeitos para quem busca um passeio rico em história.
A cidade velha, em Belém guarda lembranças de uma época ainda mais distante: Os casarões em azulejo azul, datam o século XVII.
É nessa parte da cidade que você pode visitar também as belas igrejas da época, como a Igreja do Carmo, e a Capela São João Batista. O museu Emílio Goeldi também merece uma visita.
O maior atrativo da cidade, é com certeza o Mercado Ver-o-peso, que leva esse nome, pois no período colonial, se fazia nele a verificação do peso das mercadorias, que desembarcavam no porto ao lado. Nos dias de hoje, funciona como um mercado, que vende de tudo.
Um dos produtos mais procurados, é com certeza o Perfume do Boto, que promete trazer, a quem o usar, a cara metade em pouquíssimo tempo.
Outros destaques da cidade são o Bosque Rodrigo Alvez, que mostra um pouco da floresta amazônica, os passeios ecológicos de barco pelo Rio Guamá, o Instituto Padre Guido del Toro, para compras de artesanato, e a Praça da República, para passear na feirinha.
Além disso, fartar-se com a culinária da região que é deliciosamente exótica, com toques indígenas, misturados à tradicional comida portuguesa é uma boa pedida. Um dos pratos típicos é o pato no tucupi, que por ter as folhas de jambú em sua receita, provocam uma leve sensação de dormência.
Quem vai a Belém não deve deixar de visitar a Ilha de Marajó que durante a cheia, de dezembro a julho, tem seus campos alagados, dificultando a observação da fauna, e da flora, portanto prefira a seca para aproveitar melhor o seu passeio.
Lembrando que para ter acesso à ilha, é necessário uma viagem de 4 horas de barco (saídas junto ao Mercado Ver-o-peso, ou ainda 40 minutos de taxi-aéreo.
A Ilha de Marajó é a maior ilha fluvio-marinha do mundo, e podemos dizer que há duas cidades principais, aonde se pode permanecer durante a estadia: Soure e Salvaterra.Ambas tranqüilas e não muito grandes, proporcionam momentos inesquecíveis.
Em Marajó também se pode apreciar o fenômeno da Pororoca, que ocorre quando os Rio Amazonas se encontra com o mar, formando ondas gigantescas!Além disso, a ilha oferece praias belíssimas, praticamente inexploradas.
Em Soure, a Praia do Pesqueiro, é a preferida dos moradores e dos visitantes, mas se preferir mais tranqüilidade, a opção é a Praia de Araruna.Em Salvaterra, as melhores opções são a Água Boa e a Praia Grande.
O artesanato, principalmente o de cerâmica, é um dos pontos fortes da cidade, assim como as danças e festas típicas, com destaque para o Festival de Quadrilhas e Boi-Bumbá.
Também não ficam de fora os famosos e procurados pratos à base de peixes da região, e o exótico Frito do Vaqueiro, feito com carne de búfalo.Aliás, o búfalo é o animal símbolo da região, sendo muito utilizados como meio de transporte.
Pode-se observá-los pastando por toda a ilha, e até mesmo dar um passeio montado em um deles, acompanhado por guias, numa das fazendas da região. Com certeza será inesquecível!
Fonte: www.stw.tur.br
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