AS 7 PARÁBOLAS PROFÉTICAS -


Em Mateus 13, Jesus revela 7 parábolas especiais sobre o Reino dos Céus. Durante Seu Ministério na terra, o Senhor usou muitas parábolas em Seus ensinos maravilhosos. Podemos classificá-las em dois tipos: ilustrativas e proféticas. Antes do capítulo 13 de Mateus, Jesus usou poucas parábolas (pelo menos uma está revelada no Sermão do Monte – a parábola dos dois fundamentos). Mas é somente aqui (Mateus 13) que Ele usa as parábolas no seu sentido profético pela primeira vez. Para entender a razão disso, devemos perguntar inicialmente:

01 – POR QUE O SENHOR PASSOU A ENSINAR POR PARÁBOLAS ENIGMÁTICAS? – Como afirmamos anteriormente, até Mateus 12 Jesus sempre ensinara claramente – a linguagem do Sermão do Monte não deixa dúvidas. Então de repente, o Mestre passa a ensinar através de figuras misteriosas, incompreensíveis para muitos. Essa mudança no estilo de ensino tem relação direta com o desenvolvimento do Plano de Salvação, envolvendo Israel e os Gentios (= nações não israelitas).

a) A REJEIÇÃO DE JESUS POR PARTE DO POVO DE ISRAEL – Mateus 12 é muito claro. A tensão entre o Mestre e os fariseus chegou ao clímax. Os fariseus acusavam Jesus de realizar milagres pelo poder de Satanás. Jesus se defende dizendo que Satanás não pode expulsar a si mesmo, e aponta o dedo para os fariseus, afirmando categoricamente que toda blasfêmia contra Deus seria perdoada, mas não a blasfêmia contra o Espírito Santo. Sentindo que estava sendo rejeitado, Jesus chamou os líderes judaicos de “GERAÇÃO MÁ E ADÚLTERA”.

1 – A lição do espírito imundo – “Ora, havendo o espírito imundo saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não o encontra. Então diz: Voltarei para minha casa, donde saí. E, chegando, acha-a desocupada, varrida e adornada. Então vai e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entretanto, habitam ali; e o último estado desse homem vem a ser pior do que o primeiro. Assim há de acontecer também a esta geração perversa.” (Mateus 12.43-45). Jesus declara aqui que a “CASA” (= isto é, o povo de Israel), seria esvaziada (da presença de Deus), e ficaria vazia. A conseqüência de alguém vazio de Deus é ficar à mercê de todo espírito imundo. Ezequiel já havia profetizado que um dia a Glória do Senhor iria abandonar o Templo (caps. 10 e 11). Jesus disse que o espírito imundo traz outros 7 espíritos (lembra-nos o capítulo 26 de Levítico, quando Deus disse que iria castigar Israel 7 vezes mais).

2 – Uma nova família – É também significativo que no final de Mateus 12, Jesus, sendo informado que Sua mãe e seus irmãos queriam falar-lhe, disse aos seus ouvintes: “Quem é minha mãe? e quem são meus irmãos? E, estendendo a mão para os seus discípulos disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Pois qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe.” (Mateus 12.48-50). A mensagem é clara: Israel não era mais o povo privilegiado. A partir de agora, qualquer pessoa entre as nações (qualquer pagão) poderia fazer parte da família do Senhor, se abandonasse os caminhos do pecado.

02 – JESUS SAI DE CASA – Mateus 13.1, diz: “No mesmo dia, tendo Jesus saído de casa, sentou-se à beira do mar;” Parece uma frase sem importância, mas possui um forte conteúdo profético.

a) A CASA É ISRAEL - Em Mateus 23.37-39, Jesus lamenta: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, apedrejas os que a ti são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e não o quiseste! Eis aí abandonada vos é a vossa casa. Pois eu vos declaro que desde agora de modo nenhum me vereis, até que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor.”

b) O MAR REPRESENTA AS NAÇÕES – “Disse-me ainda: As águas que viste, onde se assenta a prostituta, são povos, multidões, nações e línguas.” (Apocalipse 17.15).

c) ISRAEL ABANDONADO TEMPORARIAMENTE – As profecias ensinam claramente que, por terem rejeitado Jesus, os judeus seriam colocados temporariamente de lado, enquanto que os Gentios (= Nações) seriam privilegiados com a mensagem do Evangelho (Veja, por exemplo, Romanos 11).

03 – O SIGNIFICADO DAS 7 PARÁBOLAS TORNA-SE CADA VEZ MAIS CLARO

A primeira coisa que devemos ter em mente ao estudarmos essas parábolas é que, elas não visam Israel, mas a Igreja, um novo povo, que passaria a ser alvo das atenções de Deus.

a) UMA NOVA FASE NO PLANO DE DEUS – Até para os profetas a Igreja era um mistério. Jesus mudou não somente o calendário, e nem somente a história humana. Ele revolucionou todo o Plano de Salvação. Embora tudo estivesse predito, os próprios líderes de Israel não conseguiam acreditar que um dia Deus rejeitaria o Seu povo (Israel), da Antiga Aliança, e voltaria Suas atenções justamente para os pagãos, os impuros Gentios. Deus revela para os profetas que irá chamar de povo àquele que não era povo, e isso irá provocar ciúmes em Israel (Romanos 10.19).

b) A IGREJA, UM MISTÉRIO OCULTO – Há referências no Antigo Testamento sobre a Igreja, mas são referências misteriosas. Em outras palavras: Deus não revelou claramente aos profetas o mistério chamado Igreja. Paulo foi chamado por Deus especialmente para pregar o Evangelho aos Gentios, e para aprofundar os Cristãos no mistério chamado Igreja. Especialmente nas epístolas aos Efésios e aos Colossenses, o grande apóstolo explica o grande mistério do novo relacionamento entre Deus e os homens, por meio de Cristo. Em Efésios 5.32, ele exclama: “Grande é este mistério”. Uma das grandes revoluções desse mistério chamado Igreja, é que uniria, pela mesma fé, judeus e gentios. No Antigo Testamento o mundo é dividido em dois: Israel e Gentios. A partir do Novo Testamento, a divisão é tripla: Israel, Gentios e Igreja (= formada por gentios e israelitas cristãos).

c) O TEMA DAS 7 PARÁBOLAS – É, sem dúvida nenhuma, o Reino dos Céus. Esse reino não representa o futuro reino de Cristo a ser estabelecido na terra, mas a esfera da cristandade que é constituída de cristãos verdadeiros e falsos (joio no meio do trigo, peixes bons e ruins, virgens loucas e prudentes, etc.). Em outras palavras: Essas 7 parábolas representam todo o período da Igreja Cristã na terra, desde Sua inauguração no Pentecostes à sua ida para o céu, no Arrebatamento. Por essa razão não podemos interpretar essas parábolas isoladamente, elas formam uma só cadeia de pensamentos.

04 – A PARÁBOLA DO SEMEADOR. – É a mais clara, mais comentada e mais pregada. Tem um forte apelo evangelístico, e é especialmente adequada para representar o primeiro período da Igreja Cristã, a Igreja avivada, evangelística, espiritual, diligente. São apresentados quatro tipos de terrenos (Biblicamente, o número 4 simboliza o mundo), 4 tipos de pessoas diante da mensagem do Evangelho, 4 tipos de corações, 4 reações típicas do homem pecador quando confrontado com o Evangelho de Cristo.

a) A BEIRA DO CAMINHO – “Eis que o semeador saiu a semear. E quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e vieram as aves e comeram.” (Mateus 13.3,4). O próprio Jesus interpretou essa parábola: “A todo o que ouve a palavra do reino e não a entende, vem o Maligno e arrebata o que lhe foi semeado no coração; este é o que foi semeado à beira do caminho.” (Mateus 13.19).

b) EM LUGARES PEDREGOSOS – “E outra parte caiu em lugares pedregosos, onde não havia muita terra: e logo nasceu, porque não tinha terra profunda; mas, saindo o sol, queimou-se e, por não ter raiz, secou-se.” (Mateus 13.5,6). Jesus interpretou, dizendo: “E o que foi semeado nos lugares pedregosos, este é o que ouve a palavra, e logo a recebe com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e sobrevindo a angústia e a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza.” (Mateus 13.20-21)

c) ENTRE ESPINHOS – “E outra caiu entre espinhos; e os espinhos cresceram e a sufocaram.” (Mateus 13.7). Interpretação de Jesus: “E o que foi semeado entre os espinhos, este é o que ouve a palavra; mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e ela fica infrutífera.” (Mateus 13.22).

d) EM BOA TERRA – “Mas outra caiu em boa terra, e dava fruto, um a cem, outro a sessenta e outro a trinta por um.” (Mateus 13.8). Interpretação de Jesus: “Mas o que foi semeado em boa terra, este é o que ouve a palavra, e a entende; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta.” (Mateus 13.23).

05 – A DECADÊNCIA DO 4.º TERRENO – O Evangelho foi (e continua sendo) semeado no mundo todo (4 terrenos), mas, apesar de quase 2000 anos de Cristianismo, somente (e exatamente) ¼ do mundo é Cristão. Dentro desse ¼ há Cristãos e “cristãos” (especialmente no Ocidente o Cristianismo tem entrado em decadência espiritual há muito tempo, na Europa muitas Igrejas até foram fechadas por falta de freqüentadores). Qual o significado profético disso?

a) Uma grande Apostasia (= desvio da fé e das verdades fundamentais) foi predita para abalar a Igreja no fim dos dias (I Timóteo 4; 2 Timóteo 3; 2 Pedro 2, etc.). Apesar de se falar muito em avivamento atualmente, infelizmente há mais apostasias do que despertamento. Dá para se perceber isso na parábola em estudo. O 4.º terreno (ou ¼ do terreno) é chamado de “boa terra”, mas Jesus diz que essa “boa terra” produzirá frutos em ordem decrescente. Ou seja, começou bem (100%), mas termina em 30%. Essa diminuição de frutos é característica exata da Igreja atual. A falta de frutos espirituais é um dos maiores sinais da apostasia nas igrejas cristãs.

b) O julgamento começará pelo ¼ da terra – “Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e se começa por nós, qual será o fim daqueles que desobedecem ao evangelho de Deus?” (I Pedro 4.17). As profecias revelam que o futuro derramar dos juízos de Deus começará pelos países chamados cristãos. No Apocalipse esses juízos futuros são divididos em três grupos de 7: 7 selos, 7 trombetas e 7 taças. Observe: Cada juízo é pior do que o outro em tamanho e intensidade, proporcionalmente ao endurecimento do coração humano.

• Os 7 selos atingem a QUARTA parte da terra – os homens se escondem de Deus;
• As 7 trombetas atingem a TERÇA parte da terra – os homens não se arrependem de suas más obras;
• As 7 taças atingem TODA a terra – os homens blasfemam de Deus.

c) O julgamento da 4.ª parte da terra – “E olhei, e eis um cavalo amarelo, e o que estava montado nele chamava-se Morte; e o inferno seguia com ele; e foi-lhe dada autoridade sobre a quarta parte da terra, para matar com a espada, e com a fome, e com a peste, e com as feras da terra.” (Apocalipse 4.8). Por ter conhecimento da verdade e rejeitá-la de forma bem consciente, os paises “cristãos” serão os primeiros a sofrer o julgamento de Deus.

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